FAQ

22 Abril

Este post é a continuação do anterior.
É meu Top 9 1/5 das perguntas e comentários que mais ouço quando digo que sou tradutora e que, no geral, reflete a curiosidade do público e da clientela, talvez porque embora a profissão de tradutor não seja nenhum mistério, também não é simples de ser imediatamente identificada como dizer que você é médico:

1 - Mas você tem outro emprego de verdade além desse bico?
2 - Mas não é o computador que faz legenda de filme?
3 - E precisa de faculdade para fazer isso?
4 - Você tem tuuuudo isso de dicionário? Para quê, você não é tradutora?
5 - Eu sei um pouco de inglês. Posso traduzir meu Abstract por cima, assim, e você só corrige? Nem tem termo técnico...
6- Ah, tá! Então o que significa "floofers righting wroulers" em inglês? Como não sabe?
7 - (vizinhos fofocando): Essa aí deve viver de herança ou pensão. Não sai para trabalhar ou dorme até meio-dia...
8- (os mesmos vizinhos fofocando depois que você explicou que trabalha em casa): Essa aí é mercenária. Trabalha de domingo e madrugada e feriado e dia santo, e não gasta nem com gasolina.
9 - Então é sua voz que aparece nos filmes?
9 1/5 - (Em casos como abertura de crediário de loja, pesquisa de rua e conversa de boteco eu digo que sou professora e pronto).


É claro que isso tudo serve para descontrair. Todavia, a seriedade e importância do ofício é comparável a qualquer outra atividade remunerada reconhecida pela CNT.

Todo mundo acha engraçado placas, anúncios, propagandas e afins com erros de português ou outro idioma - no caso de nós, brasileiros, principalmente o inglês, já que é culturalmente entendido que adoramos usar e abusar da língua de Shakespeare nesse tipo de segmento. Mas é fato que o cidadão que entende da língua de chegada em questão coloca a culpa no tradutor do serviço. Ué: quem primeiro recebe uma mensagem, pensa em um idioma e encontra um equivalente em outro é tradutor, não é? Concordo, seja o termo usado na esfera profissional ou não. E é o "ou não" que preocupa.


Uma vez, em uma festa de formatura, casamento, batizado, confraternização de fim de ano ou coisa que os valha (o nível alcoólico de então não me deixa lembrar hoje...) quase fui malhada quando disse que traduzia para um canal pago de televisão. E os ânimos se alteraram não pela eterna discussão dos erros de legendagem, mas pela tradução de título de filmes, o que eu nem chamaria de tradução, e sim de “equivalência com fins mercadológicos e lucrativos invariavelmente de autoria dos diretores e analistas de mercado das empresas de distribuição”, mas essa fica para a próxima.
Enfim, queriam me bater, como se EU tivesse escolhido todos esses títulos com expressões apelativas da moda (lembram de todos os “da pesada” e “do barulho” dos anos 80 e “fatais” pra lá e pra cá dos anos 90?). Então, é o que sempre digo: o negócio é não generalizar. Existem profissionais, e existem profissionais que não contratam profissionais para executar certos trabalhos. Infelizmente, a tradução é uma dessas atividades.

Assim, deixo um texto do jornalista e cronista Fritz Utzeri. É meio antigozinho*, mas ilustra o post com eficácia. E o mais bacana: não foi escrito por estudiosos e entusiastas da área. Se você se em algum momento já se identificou com ele, erga a mão.

*adoro o termo “antigozinho”. Se quiser, substitua informal e mentalmente por
“antiguinho”. Mas consegue imaginar um antigozinho? Sugestões e experiências
pessoais nos comentários, please
"O cardápio indigesto do tradutor

Tenho o maior respeito pelos tradutores. Acho muito mais difícil traduzir do que escrever, porque traduzir bem é reescrever, recriar a partir do zero, sem ser literal, mas permanecendo estritamente fiel à obra. Imagino o Antonio Houaiss tendo à frente o volume, em inglês, com o início de Ulisses: ''Sobranceiro, fornido, Buck Mulligan vinha do alto da escada...''. Sobranceiro! Se começasse a escrever um livro, começaria com sobranceiro? E imaginem um alemão que resolvesse traduzir Guimarães Rosa (o que foi feito, mas ignoro o nome do herói). Abre o Grande sertão: veredas e a primeira palavra com que se depara é: ''Nonada''. E agora? Como é ''nonada'' em alemão?
O Magu, que anda sumidíssimo depois que o Flor do Lavradio entrou numa reforma que não acaba, pensou em desistir da profissão de repórter e suicidar-se depois que teve que explicar para o editor do Montbläat, o jornal em que trabalha, o que vinha a ser ''subteto do Poder Judiciário''. Experimentem traduzir ''subteto'' numa língua racional qualquer, como o sueco, e vejam o que é bom para a tosse. Para mim, ser tradutor é chegar a um patamar da intelectualidade ao qual jamais terei acesso. É gente como os Marcos, o Santarrita e o de Castro, o Leo Schlafman, a Eliane Zaguri e - por que não? - simplesmente o incomparável Millôr. Tenho uma amiga, Kristina Michaellis, que também se dedica a traduções. Traduziu pacientemente as cartas de meu pai à minha mãe pouco antes dele morrer, na Segunda Guerra. São cartas apaixonadas, mas onde o terror do nazismo se insinua, banalmente, nas providências que ambos discutiam para que ela pudesse tirar um atestado de pureza racial que permitiria o casamento de ambos, já que ela era italiana e ele alemão. (Não foi possível, a morte foi mais rápida do que a burocracia totalitária e absurda.)
Tentei traduzir uma vez e não fui além do primeiro capítulo. É um livro de um jornalista francês, Dominique Lapierre, Muito além do amor. Meu nome figura (imerecidamente) nos créditos como tradutor com o mesmo destaque de Ana Maria Sarda, que fez 90% do trabalho. Traduzir é difícil (e em geral mal pago). Vejam só o que pode acontecer quando burros informáticos resolvem achar que traduzir é mole e bolam programas de tradução instantâneos que outros, mais burros (ou sovinas) ainda, usam. Há alguns meses fui a Brasília e hospedei-me num dos hotéis mais finos da cidade. À noite bateu a fome e resolvi consultar o serviço de quarto. Comecei a ler o cardápio, cuidadosamente impresso, e fui ficando assustado. Onde eles teriam arranjado tal tradutor maluco? Tudo era literal. O contrafilé, em português, virou against filet. Creme Rachel, um tipo de sopa, foi traduzido para It cremates Rachel. ''Creme'', substantivo, virou verbo e a ordem era pegar a pobre da Raquel e metê-la num forno até virar cinzas. Outro prato era à base de ''nobre corte de contrafilé''. O corte da carne era nobre, mas o ''tradutor'' achou por bem transformar o adjetivo ''nobre'' em substantivo e deu num prato de canibal: nobleman cuts of against filet, ou seja, ''cortes de contrafilé de nobre''.
Maminha de alcatra é outro pedaço de carne que pode ser muito traiçoeiro se for traduzido literalmente. Vejam só. Em português o hotel oferece: ''delicada peça de maminha grelhada''. Maminha foi traduzido, ao pé da letra, como breast, que em inglês significa seio, mama ou peito, mas jamais um corte de carne. Imaginem o americano ou inglês horrorizado ao constatar que pode pedir (e comer) delicate breast pieces griled, ou seja ''delicados pedaços de seio grelhados''.
Mais estranha ainda ficou uma picanha na ''manteiga ao café de Paris''. Paris, a capital francesa, metamorfoseou-se no verbo ''parir'', ''dar à luz''. A coisa ficou assim em inglês (?): butter coffe of you give birth, algo que - tentando verter para o português - resultaria em mais ou menos isto: ''manteiga café que você pariu''.
Já imaginaram o gringo tentando entender frutas da estação (da primavera, verão, etc., season em inglês), traduzidas como fruits of the station, ou seja, da ''estação'' (de trem)? Tiras finas de carne resultam em fines ribons of meat. Ribbon em inglês é ''fita'' e não ''tira''. ''Molho de espinafre'' passa pelo mesmo processo maluco: o molho (substantivo), sauce em inglês, vira wet, do verbo ''molhar'' e resulta em algo que até parece inglês: I wet of spinach. A essa altura o hóspede deve achar que se internou num manicômio e vai ter certeza quando perceber que lhe estão oferecendo Pitus in coconut."


Vale a pena ler de novo: Entrevista com o Fritz Utzeri no site Fazendo Media, a média que a mídia faz.



Áreas de atuação
Tradução e revisão textual (português e inglês)
Curadoria de conteúdo
Conteudista de material para cursos digitais
Modelagem de conteúdo
Ensino a distância


Habilidades e competências:
  • Vinte anos de experiência com tradução e revisão do par português - inglês de textos acadêmicos, corporativos e didáticos
  • Mestre em competências de informação e midiática para ensino a distância
  • Curadoria e pesquisa de conteúdo instrucional
  • Adaptação textual (copidesque) e proofreading
  • Conhecimento sólido gramatical da língua portuguesa e ABNT
  • Ensino de gramática e produção textual para várias idades e propósitos
  • Ampla experiência em revisão de artigos acadêmicos para publicação, teses, cartas de apresentação e currículos estendidos.

Algumas das empresas para as quais prestei e/ou presto serviços PJ como tradutora e revisora
  • UNESP - colaboradora no projeto de pesquisa “Latino Observatory” (http://latinoobservatory.org) , vinculado ao Departamento de Ciências Políticas e Econômicas e ao Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp (IEEI-Unesp), atuando como revisora textual (inglês)
  • DTCom - versão português-inglês de material para cursos on-line
  • Delinea Rede de Talentos - revisão de material didático 
  • Universidade Federal do Pará (UFPA) - versão português-inglês de artigos acadêmicos para publicação internacional (licitação)
  • UNESCO - Escritório central SP - versão português-inglês de projetos assistenciais 
  • Markestrat, Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia - Tradução e revisão de relatórios de pesquisa na área de comércio, marketing e localização.
  • Transperfect International - transcrição textual
  • Editora Champagnat PUC-PR - tradução e versão de material para publicação
  • Rotary Club de Marília - em parceria com a TVA Marília, legendagem em inglês de documentários institucionais
  • Editora Arte e Ciência - revisão de artigos científicos para publicação
  • Colégio Criativo Marília - correção comentada de redações dos alunos do 1º e 2º EM
  • Aió Comunicação - tradução para legendagem de vídeos instrucionais
  • Mr. Dub - tradução para dublagem de episódios da série House Hunter International
  • Kapsch Soluções e Serviços - versão em inglês de documentos institucionais
  • Portal Cennarium - legendagem português-inglês para o Cennarium, portal de teatro brasileiro, com as peças "Ogroleto", "Era no Tempo do Rei", "Vila Tarsila" e "Caolha"
  • Percurso - Revista de Antropologia - revisão em português e versão em inglês dos abstracts
  • Toscochanchada - textos bem-humorados sobre comportamento e moda (http://toscochanchada.com.br/author/jspadoto/)
  • E-how - tradução inglês-português de artigos e produção de conteúdo 
  • Editora Flex - revisão textual dos manuais e simulados para motoristas "como fazer"
  • Marilan s/a - tradução e revisão de contratos de distribuição, licitações, entre outros
  • Dori Alimentos Ltda - versão português-inglês de balanços sociais anuais e da última edição do site em inglês
  • CarneTec Brasil - tradução e revisão de artigos técnicos sobre estudos e produtos cárneos para o site carnetec.com.br
  • Brunnschweiler Latina Ltda - versão português-inglês de planilhas e manuais
  • Aroma Brasil Cachaça - versão português-inglês de flyers e bloquetos explicativos e legendagem de reportagem sobre a produção de cachaça no interior paulista.
  • Brudden Equipamentos Ltda: tradução inglês-português de manuais técnicos e revisão de correspondência internacional
  • Carino Ingredientes Ltda - versão de catálogos para o inglês
  • Grupo Jacto - versão de texto para narração de documentários institucionais
  • SP Telefilm - legendagem em inglês de capítulos da nova "Bicho do Mato", Rede Record, para avaliação para o Grammy Latino 2007
  • UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília - Edição, revisão e versão de artigos e resumos para a publicação "Em Tempo"

Materiais didáticos produzidos em EaD

Projetos integradores: aprendizagem prática, significativa e desafiadora (2021). Organização. ISBN 978-85-86860-52-2



Comunicação e Produção textual (2020) - ISBN 978-85-86860-33-1 - E-book



Comunicação Empresarial (2020) - ISBN 978-65-81114-05-3 - E-book


Com inscrição em andamento:

Linguística I 





Concepções sobre Linguagem e Prática do Texto 

Ensino da Língua Portuguesa 

O que você precisa saber sobre português e comunicação no meio profissional 

O poder da interpretação: a chave do sucesso em provas 



Trabalhos relacionados como professora

UNIFIL Londrina - Workshop de Língua Portuguesa para alunos de graduação 

Projeto Unijovem Marília, SP - Curso de Redação para Enem

Prepara Concursos - Cursos de Redação e Língua Portuguesa para concursos na área da educação em cidades da região de Marília, Tupã, Assis e Paraguaçu Paulista

CESMAR Uniesp - Workshop de Comunicação Empresarial para alunos do curso de Administração 
Ale Idiomas Marília - Palestra e workshop sobre português instrumental para funcionários do Esmeralda Shopping, Marília

FIO - Professora do curso de Tradução para Legendagem para alunos de pós-graduação lato sensu em Letras das Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO) 

USC - Professora do curso de Tradução para Legendagem para bacharelandos do curso de Tradução da Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru 

UNIVEM - Professora do curso de Inglês Instrumental para alunos ingressantes no Mestrado em Ciência da Computação do Centro Universitário UNIVEM Fundação Eurípides Soares da Rocha


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