UM CHOPS E DOIS PASTEL - PARTE I



Vale post requentado? Este é de 2010.

Este resgate vale porque a Parte II - Edição Academicês está a caminho. 


O título do post me veio à cabeça no nada, mas creio que tenha sido por motivações psicofisiológicas  trabalho demais, um amor perdido, uma crise dos 30 meio tardia, a balança indicando cinco quilos a mais... problemas pessoais à parte, quando fico irritada, falo demais, e falo errado. Permito-me esse delize quando não estou trabalhando, embora tenha consciência de que são errinhos bobos, de plural, concordância, nada que espante diante das escorregadelas (às vezes, escorregões) que ouço por aí. 


Mas atenção: a questão NÃO é criticar. Não gosto disso justamente porque também uso de todas as variações linguísticas as quais tenho direito. Peço um chops e dois pastel, ôrra, meu. Mas enquanto profissional de idiomas e, neste caso, da Língua Portuguesa, os erros batem doloridos no ouvido, principalmente quando televisados. O cuidado diante de qualquer mídia deve ser redobrado, ainda mais quando em transmissões ao vivo.


Tenho um bloquinho de notas ao lado da tevê* e costumo anotá-los. Compartilho aqui como curiosidade, sem análises, apenas com um grifo e observações bobinhas de quem não está a trabalho hoje e só conseguiu sentar para escrever porque está com faringite e não consegue falar. Vamos lá: nesta primeira parte, treine seus conhecimentos linguísticos e corrija os erros. Se você se sair bem, divido com você as mil páginas que tenho toda semana para corrigir. 

*Estávamos na Era Pré-Streaming e Afins


Da série "floreio pra quê te quero" 

"... e a esse cidadão foi dado voz de flagrante a ele por mim." - Marcelo Freire Garcia, promotor do caso Eliza Samudio. 

"Vamos apurar os fatos, e o que pudermos revelá-los, vamos revelar." - Edson Moreira da Silva, delegado do caso Eliza Samudio.
 
"Ele ficou vislumbrado por ela." – depoimento de um telespectador no Video Show. 

"Estou sendo honestamente honesto com ele." - participante do quadro O Conciliador, do Fantástico.
 
"Nosso objetivo é sempre estar sendo utilizado pela Seleção." – jogador da seleção Ramirez, no JN, em 21 de junho. 

"Existe muita mentira em determinados segmentos sociais da sociedade." - cantor (hein??) Beto Barbosa, em programa vespertino que não lembro o nome.


Da série: "Primo pobre de Graciliano Ramos" 

"A dança é uma coisa que exige muito dedicamento." - da atriz (diz ela...) Fiorella Mattheis no Faustão. 

"A gestante precisa fazer cerca de onze exames no pré-natal."  Médico em entrevista a um jornal local. "Cerca de" só serve para números inteiros, uma vez que não se sabe o número exato. Assim, "cerca de onze" não vale! 

"Tentamos não desacuar diante do adversário." - Vilson Tadei, técnico do Linense. Taí. Desacuar é bem mais impactante que acuar. 

"Se houver um habeas corpus, a sociedade vai perder o descrédito na Justiça." – Samir Haddad Jr, advogado de Mizael Bispo suspeito do caso Mérica Nakashima, no Hoje em Dia. Perder o descrédito é o mesmo que desganhar crédito? Pitacos nos comentários são bem-vindos.

"Os corpos tiveram a cabeça e os dedos decapitados." – delegada em algum caso de homicídio não-tão-famoso no Domingo Espetacular.  Esse eu abro parênteses. Esta lá no Houaiss: DECAPITAR. Derivação: por extensão de sentido. cortar a extremidade ou parte de; decepar Ex.: d. flores Então está certo decapitar os dedos... tá, vá lá. 

"Se a gente não tirasse ele (sic)logo, fatalmente seria óbito mortal." – Cinegrafista que ajudou em um acidente de carro no sul do país. Parece nome de filme do Supercine: Óbito Mortal. Fatalmente.


Da série "Não conjugo, não declino, mas sou um cara bacana" 

"Todas as mulheres é chocólatras." - atriz Adriana Birolli, no Faustão. 

"Pelo menos duzentos e cinquentas casas foram levadas pela chuva." – repórter do JN, sobre o enchente de Alagoas, em junho (2010). 

"Os nomes dos ganhadores será divulgado dia xx." – anúncio de uma promoção da TV Record. 

"...e todos continua muitos preocupado." –  depoimento de transeunte em jornal local. Quero análises dessa frase na minha caixa de comentários AGORA!

To be continued.



Querido diário,
como assim, faz quatro anos que não visito meu próprio blog?
Tempos de revisão. Revisão textual, de vida e de tudo o mais.


Não, não há aqui a intenção de transformar este post em um desabafo pessoal, mas a vida da gente é louca e toma rumos inesperados. Uma sequência inacreditável de desventuras dignas de uma trama tarantinesca aconteceu-me e dela fiquei refém por um tempo. Mas cativeiro nenhum dura para sempre.

Ultimamente, o trabalho de revisão textual tem constituído uma parcela significativa dos meus projetos. Com o advento do ensino a distância (assim mesmo, porque a expressão não tem crase), as instituições de ensino precisam cada vez mais do profissional de letras e afins na correção, preparação e produção de material didático. Estou aqui, ali e acolá.

Sendo assim, passo para dizer que sou tradutora, revisora e produtora de conteúdo EaD e estou alive and kicking!

PS: a imagem é de uma camiseta que comprei na Printerama. :)