A discussão sobre o uso do Google Translation no auxílio à tradução vai longe. De um lado, o cliente: joga no gúgou porque tem pressa ou porque acha desnecessário (leia-se “caro”) pagar um profissional. Do outro, a gente: recebe pedidos de revisão do texto que o cliente já passou no GT e gasta o dobro de tempo para consertar.
Enfim, o GT ajuda, sim, acho válido em alguns casos que cabe a mim decidir, mas não substitui o meu trabalho cabeça-pesquisa-dicionários-comparação-estudo-mais cabeça. Nunca.
Ok. Eis que compro um kit importado de unhas adesivas e resolvo ler as instruções em letras muito, mas muito miúdas mesmo :

Como aplicar:
Encontre o tamanho correto de cada prego.
Coloque dez pregos na ordem dos dedos.
Remova qualquer excesso polonês ou óleo com um pano de limpeza.
Como remover:
Liberta gentilmente dos lados ou aplicar prego polonês removedor.
Espere um minuto e desligar.

Ipsis litteris.

As instruções do produto não são um texto de literatura, nem jornalístico ou um documento, no sentido de que poderiam comprometer a integridade do texto ou causar algum malefício, já que neste caso nem a pessoa mais perdida do mundo conseguiria seguir o modo de usar proposto. Imagine a mocinha pregando os dedos, procurando no mapa onde fica a Polônia, furtando óleo e pano de chão na cozinha da mãe, depois vê que o prego tem que ser polonês e precisa desligar algo que não apareceu nas instruções. É assim que nasce o samba do polaco doido.

O fato é que em algum momento do processo mercadológico alguém autorizou que fosse feita uma tradução das letras minúsculas para o português. E não resta dúvida de que a perícia humana foi substituída por um tradutor eletrônico e – pior – ninguém revisou, ninguém leu, ninguém deu a mínima para as unhas, esmaltes, pregos e poloneses todos juntos, tornando inviável a simples tarefa de colar unhas postiças made in China.

Em tempo: o produto é bom. Quem mandou eu querer ler as letras miúdas?

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