Conheço tradutores músicos, micro-empresários, cozinheiros, pintores, fotógrafos.

Veja bem: são tradutores que se enveredam por outras áreas, e não o contrário.

Nas conversas entre tradutores sempre surge um assunto paralelo em que cada um revela sua paixão, afinidade ou conhecimento profundo de outra coisa que não linguística. Acho isso extremamente válido em termos de aquisição de bagagem e, desde os tempos de faculdade, tenho a sensação de que o pessoal da Tradução (em especial, mas que se estende para Letras e afins) sempre está aberto para intercambialidades. Embora tivessem escolhido a Tradução como profissão ou norteador acadêmico, meus colegas de curso invariavelmente tocavam em bandas, eram cartunistas, faziam tapeçaria, davam aula de ioga, promoviam e lucravam com festanças universitárias, pintavam e bordavam, literalmente.
Quanto a mim, já me aventurei a ser dona de brechó e sócia de estúdio de tatuagem - sem nunca cogitar abandonar a Tradução.

Hoje, por meio de uma comunidade do Orkut, conheci o blog de um tradutor madrilenho que, segundo o próprio, usa os quadrinhos para dar vazão a sentimentos aflorados pela profissão. Seu alterego é o Mox, “tradutor jovem, porém altamente graduado, com dois PhDs, seis idiomas e que raramente ganha o salário mínimo.”

O blog é um exemplo dessa faceta suave ou escancarada de profissionais que não se amarram à ideia de que ter prazer em fazer algo diferente do que o diploma – ou o rumo que a vida toma – nos diz pode macular seu comprometimento com o bom exercício no seu ganha-pão.

2 Responses
  1. Alfie Says:

    vc escreve muito bem pequena Ju! Amo-te! Saudades...


  2. Daisy Serena Says:

    Olá Ju, acabei de ler seu curriculum e portfolio, caramba menina, quanta bagagem! Deve ser uma delicia, ainda mais vendo que é uma área que ama. Quisera eu ter auto-confiança, e força os fuciente para realizar-me dentro de meus sonhos, como você o faz dentro dos seus!

    Beijos


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