undefined
undefined

A primeira vez que ouvi a expressão eu devia estar na terceira série do primário, atual quarto ano, quando ainda levávamos o dicionário para a escola e realmente o utilizávamos. Hoje analiso que, na minha ingenuidade, eu obviamente não percebi se ali havia um tom de ironia, brincadeira, cansaço ou saco-cheio da professora. Mas desconfio que era tirando o sarro, mesmo.
Não gosto que o chamem assim. Não o dicionário, fonte única e inesgotável de conhecimento lexical, morfossintático, gramatical, etc e tal.

Está lá no dicionário, qualquer um deles, nas locuções da acepção “pai”, em uma autocitação:
pai-dos-burros: dicionário.
Regionalismo: Brasil. Uso: informal

E tem os sinônimos:
desmancha-dúvidas, glossário, léxico, léxicon, pai dos burros, tira-teimas, vocabulário, tesouro

Tesouro, olha que bonito! É assim que o vejo e tento fazer meus queridos alunos verem. Quando digo a eles que um bom dicionário português-português traz informações referentes não só ao significado da palavra, mas a sua etimologia (De onde ela veio? E quando nasceu?), sinônimos e antônimos, conjugação verbal, fonética (Como é que se pronuncia, hein?), coletivos, regência (Mas é “constar em” ou “constar de”?), locuções com ou sem crase – só para começar a aula – eles me olham com cara de dúvida. E vamos ao pai dos... digo, ao dicionário. Está tudo lá.
Para quem estuda outro idioma, a dica é a mesma. Por exemplo: foi com ele que minha professora nos ensinou fonética em inglês, aquelas letrinhas esquisitas entre barras que vêm depois da palavra. Que livro ou apostila, que nada.